CHÉRE, C’est tout dire!

Ela teve essa mania de achar que não valia nada,
Embora sempre dissesse que valia, só pra não "se concordar"
Dizia da boca pra fora!
Mas, foi assim que começou: pela boca!
Da boca, foi pro estômago e entrou no sangue,
e acabou formando uma corrente que não se quebra.

Sobrenatural!
Definia assim, todos os sentimentos

que os anjos querubins por ela nutriam.
Se emocionava.
Se comovia.
Como se visse a sua própria imagem,

por outros olhos, que não fossem o da moça no espelho.
Como via os outros pelos seus olhos de espelho.

ÍNDIA, colonizada, catequizada pela doutrina.
Lhe disseram que era francesa.
Não acreditou.

"Je ne comprends pas"
Colocou seus brincos de penas, seus pés no chão:
E assim, descobriu o Brasil!
Se fundou! Desembrulhou.

Ria tanto disso, depois de tudo, toda vez que lembrava.
Nunca mais quis engolir nada.
Descobriu que seu jeito: "da boca pra fora"
Só ia pra fora, porque era assim lá dentro!

Acabou por se descobrir conclusa!
Concordava que estava pronta ...

Sem corda no pescoço, sem notícia ou agouro!

Concordava em francês: Je crois que oui.
Concordava e Acordava pra vida!

by Doidera